“Summer love” / “Amor de verão”
E os bilhetes de comboio tornaram-se o meu vício,
O único que o dinheiro compra.
O papel furado que me leva ao outro lado,
Ao mar, a ti.
Absorvo tudo. O embalar da carruagem
Que acompanha a costa
E o céu.
Seguimos juntos em reta,
A caminho.
Daquela noite livre de tudo,
Com um único foco de luz,
Que o álcool já não distorce.
Vejo tão nítido…
Transparente é a água
E o meu olhar.
Parece que crio raízes.
Nunca um lugar sem sangue
[Sem nascimento, quero eu dizer]
Me plantou nele
Por ordem do acaso,
Do amor e da amizade.
O meu tronco deixou-se semear
Sem reparar
Num recanto bem reagado
Pela humidade do Atlântico.
Adubado pelas línguas estrangeiras,
Pela arte, música, ciência, filosofia,
Eu cresço e anseio crescer mais,
Nesta rota de bares, na noite
E no mar.