“And until love comes?” / “E até ao amor?”
E até a amor?
Até ao amor celebro a solidão.
Aqui as conversas dançam nas palavras que se articulam desequilibradas desde da língua mãe à comum com um sentimento no timbre, uma intenção na entoação.
Falamos então. De amor. Do que lhes não pertence mas que acompanham em dias alternados, ou nem tanto, porque a distância não permite. Dizem-me que o amor é egoísta. Que nos põe em segundo lugar numa comparação ridícula, de algo que também nos pertence, que é parte obrigatória de nós. Algo que deveria ser o nosso sorriso e a razão dele, a vontade de ser melhor todos os dias, por nós, por mim, por ti, por ele.
Dizem-me que o amor é escolha. Que é a escolha cheia do atrito tão próprio de seres sexuais que somos. Ambos.
Escolhemos a mesma companhia, o mesmo corpo partilhado todas as noites. Um calor exagerado ou saudoso. Dependendo da força do desejo. Restringimo-nos a um corpo mútuo para desenvolvermos um mundo nosso. Comum. É aperfeiçoar e completar com peças que cheiram a defeito, mas também sabem amar.
E eu aqui, a caminho de algo que ainda não conheço vou colhendo estes despojos de almas amadas (ou mal amadas), deixando as tramas da especulação me traçarem uma rede de salvação nas horas duvidosas de um coração ainda vazio de outros.
Até ao amor caminho descalça nas chamas individualistas. Nos fogos das florestas mais negras. Sempre nas pedras douradas da calçada calcada e nunca chamuscada. Acredito que há luz ofuscada em cada escuridão. E tento segui-la.